São Paulo –
Em um momento histórico, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e
o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, realizaram na noite desta
segunda-feira (horário de Brasília ) a primeira rodada das negociações entre os
países em Singapura.
Esta
é a primeira cúpula entre governantes dos dois países após décadas de tensões
por causa da Guerra da Coreia (1950-1953), incluindo dezenas de negociações
frustradas sobre a desnuclearização da Coreia do Norte.
A
reunião, impensável até poucos meses, aconteceu em Singapura e tem como
objetivo a interrupção do programa nuclear norte-coreano. Seu sucesso, no
entanto, dependerá da disponibilidade dos líderes encontrarem um caminho para
um dilema e tanto: se, por um lado, o governo dos EUA busca o fim do programa
nuclear do país asiático, o regime norte-coreano quer a redução da presença
militar americana na região.
O
programa nuclear norte-coreano é uma dor de cabeça para a comunidade
internacional há décadas. Contudo, desde que Kim assumiu a liderança do regime,
os testes balísticos e nucleares tornaram-se ainda mais frequentes. O objetivo
da estratégia era o de usar o de transformar esse isolado país em uma potência
nuclear, fazendo dele um ator capaz de se sentar à mesa de negociações com
outros poderosos, como os EUA, em pé de igualdade.
Desde
que Trump passou a ocupar a presidência, a tensão entre os países se tornou
ainda mais urgente e o mundo esteve à beira da catástrofe por vários momentos.
No início deste ano, porém, uma mudança na postura de Kim sinalizou ao mundo a
sua disponibilidade em negociar. As provocações e as ameaças tornaram-se
promessas de uma cúpula que se consolidou nesta madrugada (horário de
Brasília).
Abaixo,
veja os principais momentos do encontro entre Donald Trump e Kim
Jong-un.
Aperto de mão e nervosismo
A
cúpula, a primeira entre um presidente americano e um líder do regime em
exercício, começou com um longo aperto de mão entre Trump e Kim, com as
bandeiras dos países ao fundo. “O mundo inteiro está acompanhando esse
momento”, disse Kim a Trump por meio de um intérprete, “e vão pensar que essa é
uma cena de fantasia, um filme de ficção científica”.
“Estou
me sentindo ótimo. Teremos uma grande discussão e teremos muito sucesso”, disse
o presidente americano. “Superamos muitas velhas práticas, preconceitos e
obstáculos para estar aqui”, respondeu Kim.
De
acordo com uma especialista em linguagem corporal ouvida pela agência Reuters,
os dois líderes tentaram dominar esse momento, disputando quem, afinal, estaria
no controle da negociação. Ambos, no entanto, exibiam sinais de nervosismo.
Depois,
a dupla se encontrou a sós (quer dizer, acompanhados apenas de seus tradutores)
por pouco mais de 40 minutos. O conteúdo dessa conversa ainda não foi
divulgado, mas o presidente americano foi visto repetindo “muito bem, muito
bem” ao sair do cômodo.
Reunião com assessores
Após
uma caminhada pelos jardins do luxuoso Capella Hotel, na ilha de Sentosa, o
republicano e o norte-coreano deram início a uma nova rodada de conversas,
desta vez acompanhados de seus assessores mais próximos.
Do
lado dos EUA, estavam presentes com o presidente americano o Secretário de
Estado, Mike Pompeo, um dos principais articuladores dessa aproximação, e o
chefe de gabinete da Casa Branca, John Kelly.
Do
lado norte-coreano, um dos principais oficiais do regime, Kim Yong Chol (que
visitou os EUA há poucas semanas), o ministro das Relações Exteriores, Ri Yong
Ho, e um representante do Partido dos Trabalhadores, Ri Su Yong.
Perguntado
se abriria mão de suas armas nucleares, Kim não respondeu os jornalistas, mas
Trump aproveitou a deixa para dizer que “trabalhando juntos, vamos cuidar
disso, vamos solucionar esse grande problema, esse dilema”.
Impactos
O
impacto desse encontro, independentemente do seu resultado, já é visto por
especialistas como histórico. Especialmente para o povo norte-coreano. Jean H.
Lee, do Wilson Center, avaliou que o encontro será celebrado no país, uma vez
que tudo o que a Coreia do Norte desejava era ser tratada de igual para igual
aos olhos da comunidade internacional.
“Era
isso que Kim tinha em mente quando acelerou o desenvolvimento do programa
nuclear”, avaliou ela à rede de notícias CNN, “é surpreendente ver que ele
conseguiu exatamente isso e é assustador pensar que demos justamente o que ele
queria”, pontuou.
O encontro
em imagens:
Fonte: Extra
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