Presidente declarou ao Estadão que sua equipe
não percebeu "com atenção os símbolos" da montagem, que atacava, por
exemplo, o STF
Após a intensa repercussão do vídeo do leão e das hienas divulgado nessa segunda-feira
(29/10/2019) em sua conta oficial no Twitter, o presidente Jair Bolsonaro (PSL)
declarou que a publicação foi um “erro” e se desculpou publicamente com o Supremo
Tribunal Federal (STF). A fala foi dada em entrevista exclusiva ao Estadão – depois, em coletiva com outros veículos de
imprensa em Riade, capital da Arábia Saudita, onde está em viagem
oficial, ele não quis comentar o caso.
“Me desculpo publicamente ao STF, a quem por
ventura ficou ofendido. Foi uma injustiça, sim, corrigimos e vamos publicar uma
matéria que leva para esse lado das desculpas. Erramos e haverá retratação”,
afirmou Bolsonaro, segundo quem “ninguém (da sua equipe) percebeu com atenção
que tinham alguns símbolos que apareciam por frações de segundos”.
Nas imagens, a Corte é retratada como uma hiena que em bando tenta atacar um leão, que faz alusão ao presidente da República
No vídeo, Bolsonaro é identificado como um
leão e está cercado de hienas representando o STF; o partido dele, o PSL; entre
outras instituições e movimentos. Ao postá-lo, o presidente fez referência a países da América Latina
que passam por agitações políticas, como Chile, Peru e Equador, e a vitórias eleitorais de políticos identificados
à esquerda, como na Argentina e na Bolívia.
Contra as “hienas”, surge, ao fim da
montagem, um outro leão que, identificado como “conservador patriota”, chega
para ajudar o “presidente”. “Vamos apoiar o nosso presidente até o fim! E não
atacá-lo! Já tem oposição para fazer isso”, diz a legenda ao final do vídeo.
O presidente disse ainda que o vídeo foi retirado do ar, cerca de duas horas após a publicação,
porque eles “perceberam que estavam sendo injustos”. “Retiramos e falei que o
foco são as nossas viagens”, completou. A montagem, garantiu, não foi feita
pela sua equipe.
Bolsonaro também foi perguntado se o filho, o
vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), foi responsável pela postagem, e disse não
ser possível culpá-lo. “A responsabilidade final é minha. O Carlos foi um dos
grandes responsáveis pela minha eleição e é comum qualquer coisa errada em
mídias sociais o culparem diretamente. A responsabilidade é minha, tem mais
gente que tem a senha e não sei por que passou despercebido essa matéria aí.”
O vídeo causou intensa repercussão e
críticas, inclusive no STF. Nessa segunda-feira (28/10/2019), o ministro Celso
de Mello declarou que, “se verdadeiro”, mostra que “o atrevimento presidencial
parece não encontrar limites na compostura que um Chefe de Estado deve
demonstrar”.
Fonte: Metrópoles
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