Nova fase da Lava Jato mira multinacional suspeita de pagar propina na Petrobras e bloqueia R$ 1,7 bilhão - Portal Diário de Tutóia

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Nova fase da Lava Jato mira multinacional suspeita de pagar propina na Petrobras e bloqueia R$ 1,7 bilhão

67ª etapa da operação foi deflagrada nesta quarta-feira (23). Mandados de busca e apreensão são cumpridos em três estados: Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná.



A Polícia Federal (PF) cumpre 23 mandados de busca e apreensão na 67ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta quarta-feira (23). Um dos alvos suspeitos de pagar propina na Petrobras é a empresa Techint, segundo o G1 apurou. A Justiça Federal determinou o bloqueio de R$ 1,7 bilhão dos investigados.

A suspeita da PF é de que o pagamento total de propina por parte da empresa foi de R$ 60 milhões, equivalente a 2% no valor de cada contrato.

O Ministério Público Federal (MPF) informou que são investigados, por corrupção, ex-funcionários da Petrobras que se beneficiaram com a propina. Já os intermediários da Techint e de duas empresas de consultoria são investigados por lavagem de dinheiro.

De acordo com o procurador do MPF Marcelo Oliveira, a figura central do esquema dentro da empresa é o diretor da Techint no Brasil, Ricardo Ourique Marques.

A Petrobras afirmou que "é reconhecida pelo próprio MPF e pelo Supremo Tribunal como vítima de uma esquema de corrupção envolvendo agentes políticos e privados". A companhia informou que "trabalha em estreita colaboração com as autoridades que conduzem a Operação Lava Jato".

O G1 tenta contato com o Grupo Techint.

Ao todo, a PF cumpre as 23 ordens judiciais em três estados. Não há mandados de prisão.

·        Rio de Janeiro – 14 buscas

·        São Paulo – 8 buscas

·        Paraná – 1 busca

Cerca de 100 policiais federais participam da ação. Os mandados foram expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba.

'Tango & Cash'
Esta nova etapa da Lava Jato foi batizada de "Tango & Cash". De acordo com a PF, o nome remete aos valores de pagamento de propina à dupla nacionalidade do grupo investigado, que é ítalo-argentino.

O cartel, chamado de "O Clube", chegou a ser formado por 16 empresas. "O Clube" passou a aceitar que outras empreiteiras participassem do cartel em 2006. Até então, nove empresas faziam parte.

A Techint integrava o cartel desde o início, conforme a PF.

Pagamento de propinas
Para que o pagamento de propinas tivesse uma aparência de licitude, eram usadas offshores para repassar os valores a ex-diretores e ex-gerentes da Petrobras.

Um dos ex-diretores da Petrobras, segundo a PF, recebeu US$ 9,4 milhões entre 2008 e 2013.

De acordo com a PF, ele continuou recebendo parcelas de propina mesmo depois de ter saído da estatal, em 2012. O nome desse ex-diretor não foi informado.
O MPF citou ex-funcionários da Petrobras suspeitos de receber o pagamento de propina do Grupo Techint: Renato Duque (ex-diretor da área de Serviços), Jorge Luiz Zelada (ex-diretor da área internacional) e Fernando Carlos Leão de Barros (ao ex-gerente-geral da diretoria de Abastecimento). Duque e Zelada já foram condenados na Lava Jato.

"Com os elementos apresentados, conseguimos identificar a conta do depositante, do intermediário e do destinatário. Aparecem conta já conhecidas, como a do Renato Duque", afirmou o procurador Marcelo Oliveira. Duque está preso desde 2015.

A PF explicou que as buscas realizadas nesta quarta-feira devem ajudar a esclarecer os pagamentos suspeitos feitos no exterior para Zelada e Barros.

O G1 tenta localizar a defesa de todos os citados.

O bloqueio
A maior parte dos ativos financeiros que deve ser bloqueada pertence a Marques. A quantia de R$ 1,6 bilhão é dele e corresponde à estimativa de prejuízo gerado pelo grupo à Petrobras, conforme o MPF.

Há ainda o bloqueio de R$ 70 mihões de representantes da Confab no Brasil – sócios da BSN Comércio e Representações Eireli – que, segundo o MPF, efetuaram o pagamento de propina por meio de contas bancárias na Suíça em nome de offhores controladas por Renato Duque.

As provas
As provas que levaram à deflagração da 67ª fase da Lava Jato foram obtidas a partir de depoimentos de colaboradores, do pedido de assistência jurídica da Itália e da transferência de investigação originária na Suíça, que se somou ao que foi apurado no Brasil.

O MPF explicou que atendeu ao pedido de assistência jurídica da Itália, sob a autorização da Justiça para o compartilhamento de provas com as autoridades italianas.

Materiais apreendidos em outras etapas da Lava Jato, dados alcançados por meio da quebra de sigilos bancários, fiscais, telefônicos e de e-mails e elementos do sistema de tráfego internacional também estão entre as provas, conforme o MPF.

Confira as cidades onde são cumpridas as buscas:

·        Rio de Janeiro (RJ)

·        Petrópolis (RJ)

·        Niterói (RJ)

·        Angra dos Reis (RJ)

·        São Paulo (SP)

·        Campinas (SP)

·        Barueri (SP)

·        Matinhos (PR)

Fonte: G1

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