Ações de monitoramento e
limpeza serão reestruturadas
A menor incidência do aparecimento de manchas
e fragmentos de óleo ao longo da costa brasileira motivou o Grupo de
Acompanhamento e Avaliação (GAA), composto pela Marinha, pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pela
Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a
reestruturar suas ações de monitoramento, contenção e limpeza do produto
poluente, que já atingiu a todo o litoral do Nordeste, além de trechos do
Espírito Santo e do Rio de Janeiro.
Segundo o coordenador operacional do grupo,
almirante Marcelo Francisco Campos, há 19 dias não são encontradas manchas de
óleo bruto no mar. Além disso, a quantidade de fragmentos que continua chegando
às praias, mangues, costões e outros habitats naturais é, proporcionalmente,
cada vez menor. O Ibama, no entanto, informou que o número de localidades
atingidas não para de aumentar. Relatório divulgado, hoje (30), pelo instituto,
informa que vestígios do óleo já foram encontrados em 803 pontos do litoral.
“Vivemos um momento de estabilidade. O que
chega às praias, hoje, é residual. E as localidades atingidas são prontamente
limpas”, disse o almirante, assegurando que pesquisadores que participam dos
grupos de trabalho que dão suporte às ações do GAA estão avaliando os reais
impactos ao meio ambiente. Segundo o militar, o contínuo aumento do número de
localidades atingidas se deve à fragmentação do óleo e a sua dispersão no mar.
Almirante
Marcelo Francisco Campos informou que ações de monitoramento do óleo serão
reestruturadas - Arquivo/Agência Brasil
“O que está tocando as praias, hoje, é
praticamente vestígio. O que nos leva a afirmar que estamos vivendo um período
de estabilização. Não descartamos a hipótese de que, com a ação das marés,
algumas manchas do óleo que pode estar depositado em bolsões [submersos]
aflorem e cheguem às praias”, disse o almirante, citando o caso do Rio
Persinunga, na divisa dos estados de Pernambuco e Alagoas. “Ele tinha sido dado
como limpo. Quando mergulhamos, verificamos que havia cerca de duas toneladas
de óleo no leito do rio”.
Na prática, a reformulação do plano de
trabalho significa a transferência do comando do GAA de Brasília para o Rio de
Janeiro. Com isso, as embarcações e aeronaves pertencentes às Forças Armadas
voltarão às suas bases, com as do Rio de Janeiro permanecendo de prontidão, em
condições de serem empregadas caso haja necessidade.
O Comitê de Suporte ao Monitoramento das
Manchas de Óleo, que integra o GAA, foi transferido para a capital federal
em 26 de outubro, para “ampliar a capacidade de comando e controle das ações
desempenhadas pelos diversos órgãos componentes do GAA”.
De acordo com o coordenador do grupo, o
retorno ao Rio de Janeiro reaproximará o comando da operação dos meios
empregados na operação. “A presença próxima à esquadra [no RJ] vai nos ajudar,
já que o comando da operação é feito pela Marinha. Vamos voltar a usar os
centros locais para combater e manter as praias limpas e empregaremos a
mobilidade da esquadra que fica no Rio de Janeiro caso haja uma recorrência
mais grave”, disse o almirante.
Na fase atual, agora prevista para ser
encerrada no dia 20 de dezembro, mais de 10 mil militares da Marinha, Exército
e Aeronáutica, além de 5 mil servidores e funcionários de vários órgãos
federais e da Petrobras foram empregados nas ações de remediação e mitigação
dos vestígios do óleo, incluindo as limpezas dos habitats atingidos; patrulhas
navais e destinação de parte dos cerca de 4.7 mil toneladas de resíduos recolhidos
desde o dia 2 de setembro. Estão sendo usados na operação 37 navios e 22
aeronaves.
Segunda fase
Prevista para ter início no dia 20 de
dezembro, a segunda fase da Operação Amazônia Azul concentrará esforços nas
ações de manutenção e controle, conduzidas por equipes locais. “Vamos fazer a
movimentação do GAA em face de adaptar à estrutura atual à situação de
ocorrências e recorrências que estamos vislumbrando. Vamos também racionalizar
o emprego de recursos, mantendo a capacidade de atuação”, disse o almirante
Marcelo Campos, garantindo que, em função da situação, operações tradicionais,
como a Aspirantex e a Verão, enfatizarão o monitoramento da costa brasileira e,
se necessário, o combate à poluição ambiental.
Vestígios
do óleo já foram encontrados em 803 pontos do litoral - REUTERS/Alisson
Frazão/Direitos reservados
De acordo com o almirante, no inquérito
administrativo que conduz, a Marinha já descartou a hipótese de ter ocorrido
uma exsudação, ou seja, que o óleo tenha fluído por uma rachadura no solo
oceânico. Além disso, a probabilidade do produto ter vazado de um navio
naufragado é baixa.
“Naufrágio recente nós não temos [registro
de] nenhum. Poderia ser um antigo e estamos analisando até mesmo naufrágios
antigos, da época da Segunda Guerra Mundial. O mais provável, no entanto, é que
[o derrame de óleo esteja associado] ao trânsito de embarcações e a um
derramamento, acidentalmente ou não”, disse o almirante, revelando que o navio
grego Bouboulina continua entre as embarcações investigadas.
Fonte: Agência Brasil
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