Rede põe conteúdo jornalístico sobre política na mesma categoria de propaganda eleitoral
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Facebook enfrenta novas críticas por sua
decisão de categorizar a promoção de artigos noticiosos como conteúdo político,
e diversas empresas pressionam o presidente-executivo da empresa, Mark Zuckeberg,
por uma mudança na regra.
Sete
organizações setoriais que representam empresas de notícias em mais de 120
países, entre as quais o The New York Times, a BBC e a Fox, enviaram uma carta
na segunda-feira (11) para criticar a decisão do gigante da mídia social de
posicionar os anúncios comprados por essas empresas para divulgar seus
conteúdos sobre política em um banco de dados que também abriga
material publicitário de candidatos políticos "Consideramos que sua regra
representa um novo passo no fomento a uma narrativa falsa e perigosa que
confunde a distinção entre reportagens reais da mídia profissional e conteúdo
propagandístico", a carta afirma. "A divulgação de nossos produtos,
ou de assinaturas para nossos produtos, não é distinta de nosso jornalismo ou
da liberdade de imprensa".
Sob as novas
regras, quaisquer anúncios promovendo conteúdo político — mesmo notícias sobre
política e eleições— serão colocados em um arquivo que inclui a identidade de
quem está pagando pelo anúncio e informações demográficas sobre os usuários que
veem os artigos, por até sete anos.
O arquivo
começou nos Estados Unidos, mas o Facebook anunciou planos para expandi-lo ao
mercado internacional.
"O
Facebook precisa reconhecer o valor de jornalismo criado por empresas independentes
de mídia noticiosa, e respeitar o papel crítico que o jornalismo desempenha na
sustentação da sociedade em todo o mundo", afirmou em comunicado Michael
Golden, presidente da Associação Mundial de Empresas Jornalísticas e
Noticiosas.
Um
representante da companhia não respondeu imediatamente a um pedido de
comentário.
A empresa,
sediada em Menlo Park, Califórnia, alertou os provedores de conteúdo noticioso
sobre a nova regra pela primeira vez no mês passado,
depois de
meses de críticas quanto ao uso de sua rede por agentes russos para influenciar a eleição presidencial de 2016.
Horas depois
da publicação de uma reportagem da Bloomberg News sobre a iniciativa e sobre as
críticas de empresas do setor à mudança, o Facebook anunciou que trabalharia
com as companhias para desenvolver uma regra que distinguisse jornalismo de
propaganda política.
David Chavern,
presidente da Aliança de Mídia Noticiosa, uma das organizações que criticou a
nova regra mais veementemente, ofereceu no mês passado um plano alternativo que
criaria uma "lista branca" de organizações noticiosas conhecidas,
para isentá-las da regra.
A organização
de Chavern organizou o grupo que enviou a carta da segundafeira, e inclui a
Digital Content Next, American Society of News Editors, European Publishers
Council, MPA – The Association of Magazine Media, News Media Alliance, Society
of Professional Journalists e The World Association of Newspapers and News
Publishers. A Bloomberg News é parte da Digital Content Next.
Em um email
obtido pela Bloomberg News, Campbell Brown, vice-presidente de parcerias
noticiosas do Facebook, respondeu dizendo que a empresa "levaria em conta
suas sugestões" ao negociar diretamente com os provedores de conteúdo
noticioso.
Separadamente,
a questão dos anúncios políticos na mídia social atraiu a atenção do Congresso.
Os senadores democratas Mark Warner, da Virgínia, e Amy Klobuchar, de Minnesota,
apresentaram um projeto de Lei dos Anúncios Honestos, que sujeitaria os
anúncios políticos online a regras de transparência
semelhantes às que vigoram hoje para o conteúdo publicitário em outras mídias,
como a TV e o rádio. A medida tem o apoio do Facebook e do Twitter.
A Comissão
Eleitoral Federal dos Estados Unidos também está considerando novas regras que
requereriam notificações quanto aos responsáveis por anúncios online, em redes
móveis e outras formas de anúncios digitais, oferecendo regras alternativas.
Fonte: Folha de São Paulo
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