Dona da melhor defesa, após exibição firme contra o México, Seleção terá
pela frente o ataque mais forte
Adversária do Brasil na próxima sexta-feira (6/7),
às 15h (de Brasília), na Arena Kazan, pelas quartas de final da Copa, a Bélgica
tem o que Tite sonhou, procurou e não encontrou para tornar a Seleção mais
forte: um ritmista e um centroavante à moda antiga — o chamado camisa 9. Hazard
e Lukaku testarão uma das virtudes do time de Tite na vitória de ontem sobre o
México, por 2 x 0, e nos triunfos sobre a Costa Rica e Sérvia: o sistema
defensivo.
Pela primeira vez, desde 1994, o Brasil avança às
quartas de final tendo sofrido apenas um gol. A última dupla de zaga a
conseguir esse feito foi Aldair e Márcio Santos na campanha do tetra. Thiago
Silva e Miranda repetem a marca em quatro jogos nesta campanha do hexa.
Questionado pela reportagem do Correio, na coletiva após a vitória,
sobre se há semelhanças do sistema defensivo dele com o de Carlos Alberto
Parreira na campanha do tetra, Tite se estendeu na resposta.
“Cada seleção tem uma marca. Sempre tenho cuidado
para não comparar uma à outra. A gente marca setor, não é individual. Não sai
correndo para marcar. Cada um marca de forma agressiva no seu setor. Talvez,
por isso, bloqueamos tantas finalizações e cruzamentos. Assim, encurtamos
espaço do adversário. Não marca o homem, tu marcas setor, marcas a bola, e depois
o homem. A sequência lógica de marcação é marca setor, olha a bola, depois o
homem. É a forma que entendemos ser melhor. Outras marcam o homem, é louvável
também. Tem que apostar numa estratégia e treinar. Nós apostamos nessa”.
Na sexta-feira, a defesa terá de ser ainda mais
intransponível do que foi no triunfo de ontem, com gols de Neymar e de Roberto
Firmino. A Bélgica tem o melhor ataque da Copa, com 12 bolas na rede, e não
incomodará apenas os laterais Fagner e Filipe Luís, como propôs o México no
primeiro tempo. Thiago Silva e Miranda serão perturbados pela estatura belga. A
equipe de Roberto Martinez tem média de 1,85m. Só perde para a da Suécia entre
as remanescentes na Rússia. Essa foi uma das armas na virada sobre o Japão, nos
gols de Vertonghen e de Fellaini. Na era Tite, cinco dos seis gols sofridos
pelo Brasil foram de cabeça.
Talento de sobra dos belgas
Além do tamanho, o repertório dos belgas deve tirar
o Brasil da zona de conforto em outros setores. Há talento de sobra,
principalmente na criação. Aí, Tite tem um problema. Casemiro recebeu o segundo
cartão amarelo. Está fora das quartas de final. Colega de De Bruyne no
Manchester City, por exemplo, Fernandinho é o substituto natural. No entanto,
não mantém a pegada do titular para neutralizar Hazard — o ritmista da geração
belga. O Brasil também não tem um centroavante que faz tão bem o pivô, como
Lukaku. Jesus e Firmino não são como ele.
Mais uma vez, o Brasil deve encarar uma linha de
cinco defensores — o 5-4-1, mutante para 3-4-3 com a bola nos pés. Há um
diferencial. A Bélgica agride, porém, permite ser atacada. Sofreu dois gols da
Tunísia e dois do Japão. Atacá-los pelas laterais — ponto forte do Brasil, e
vulnerável da trupe de Roberto Martínez — é um dos truques para detê-los no
antepenúltimo passo antes da sonhada final.
A mudança tática no
intervalo
Uma metamorfose da Seleção do primeiro para o
segundo tempo serve de alento para o Brasil no duelo de sexta-feira contra a
Bélgica. Diferentemente de outras participações em Copas, como nas eliminações
de 2006, de 2010 e de 2014, o Brasil conseguiu se reinventar dentro da partida
durante a vitória por 2 x 0 sobre o México. Depois de ter os laterais
pressionados durante todo o primeiro tempo, Tite alternou o time do 4-2-3-1
para o 4-4-2 e devolveu o nó que havia tomado de Juan Carlos Osorio na etapa
inicial.
Os olhos do treinador e do auxiliar Sylvinho brilhavam depois da partida. Ambos celebravam a transformação que surtiu efeito. Willian, pela esquerda, e Philippe Coutinho, à direita, viraram armadores. Neymar passou a atuar pelo meio, mais próximo de Gabriel Jesus, e surgiu como falso nove para abrir o placar. No segundo gol, voltou ao cantinho predileto para dar assistência a Roberto Firmino. “Foi 4-4-2 com flutuação dos externos, liberdade maior, cinturão de marcação mais adiantada, corta linha de passe, amplia área de atuação. Tem Gabriel Jesus para fazer compensação com desgaste de externos. Compreensão do jogo em termos táticos é essa”, admitiu Tite.
Os olhos do treinador e do auxiliar Sylvinho brilhavam depois da partida. Ambos celebravam a transformação que surtiu efeito. Willian, pela esquerda, e Philippe Coutinho, à direita, viraram armadores. Neymar passou a atuar pelo meio, mais próximo de Gabriel Jesus, e surgiu como falso nove para abrir o placar. No segundo gol, voltou ao cantinho predileto para dar assistência a Roberto Firmino. “Foi 4-4-2 com flutuação dos externos, liberdade maior, cinturão de marcação mais adiantada, corta linha de passe, amplia área de atuação. Tem Gabriel Jesus para fazer compensação com desgaste de externos. Compreensão do jogo em termos táticos é essa”, admitiu Tite.
Outra
intervenção providencial foi a entrada de Roberto Firmino. Em poucos minutos,
ele fez o que Gabriel Jesus não conseguiu em quatro jogos. Tite atribuiu a
entrada dele ao olhar cirúrgico do “auxiliar” Philippe Coutinho. “O Gabriel é
um trator. A origem dele, na base, foi como externo. A utilização dele é muito
importante numa competição como essa, de recuperação cada vez menor. O México
estava no jogo com 2 x 0. Faltavam seis minutos. A gente conversou, falou e
decidiu que Gabriel poderia contribuir demais pelo lado esquerdo. O Philippe
Coutinho estava sobrecarregado, conversou com a gente. A decisão foi trazê-lo
ali. Ele cumpre uma função excepcional, faz parte dessa construção.
No momento da entrevista coletiva, Tite não sabia
se o adversário nas quartas seria Bélgica ou Japão, mas mandou recado a quem
avançasse — no caso, a Bélgica. “O nível que atingimos é para as quartas de
final. A equipe tem que consolidar e crescer. Não me atenho a favoritismos,
essa mesma equipe que vencemos (México), venceu, e bem, a Alemanha. Venceu, e
bem, a Coreia. E estava melhor até tomar o gol da Suécia. Ela finaliza muito,
puxa contra-ataque, tem a média mais alta de finalizações que dá ao adversário,
mas fica jogo lá e cá”, comentou.
Fonte: Supesportes (Marcos Paulo Lima - Enviado especial
/Correio Braziliense)
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