FRAGMENTOS DA HISTÓRIA DE TUTÓIA - Elza, A Rainha do Caroço - Portal Diário de Tutóia

sábado, 30 de março de 2019

FRAGMENTOS DA HISTÓRIA DE TUTÓIA - Elza, A Rainha do Caroço

Elza do Caroço

Mulher simples do interior do Maranhão, dona Elza driblou o preconceito e conquistou o mundo cantando e dançando caroço.


Primeiro conjunto de caroço/1965

Filha caçula do Sr. Bernardo e de dona Delmira, Elza Sousa Mendes nasceu no ano 1935, no povoado do Dendê, nas imediações de Tutóia Velha. Ainda menina, se encantou pelos saberes das caixeiras velhas. A aproximação de dona Elza com essas mulheres não foi bem vista pelos familiares, mas logo a família percebeu que a menina Elza não tinha a pretensão de seguir a rota que tinham preparado para ela.

Nunca casou, mas teve romances e um único filho: Bernardo. Mulher corajosa, deixou Tutóia Velha sozinha com o filho ainda pequeno e mudou-se para São Luis onde viveu por 7 anos, trabalhando como empregada doméstica. Em 1962, ao voltar para Tutóia, dona Elza volta também a dançar caroço, nessa época a dança estava no auge. À medida que as caixeiras velhas envelheciam e deixavam a dança, dona Elza se destacava. Seu canto, sua dança, sua capacidade de criar versos, melodias, assim como à sua capacidade de articulação e liderança frente às elites lhe renderam o título de rainha do caroço.


A concessão desse título tornou dona Elza o maior nome do caroço no Maranhão. Seu “conjunto” passou a ser uma apresentação marcante nas festas em São Luis. Tiveram um CD gravado (2000) e participaram de coletâneas (a primeira em 1986 e outra em 2001), foram alvo de inúmeras reportagens e vídeos e receberam diversos pesquisadores. Mas, sua vida na dança rendeu várias polêmicas. Seu “reinado” foi muitas vezes questionado pelos caroçeiros e sua saída de Tutóia Velha para o Paxicá representou, para os mais velhos, um abandono das tradições, no entanto, sua paixão pelo caroço jamais foi questionada.

Na alegria ou na dor (como foi em 2003, quando perdeu seu único filho) ela dançava e tornava nossa cidade conhecida Brasil a fora, na sua voz, Tutóia será sempre a terra de areia branca. A rainha do caroço faleceu em novembro de 2013.

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Fonte: A principal fonte de pesquisa desse texto foi o estudo do antropólogo Daniel Castro Dória de Menezes da Universidade de Brasília e as conversas com o professor Wander Cleison do povoado Dendê, atual organizador da dança do caroço na região.

Texto - Helena Maria


Sobre a autora - Graduada em historia pela Universidade Estadual do Ceará. Funcionária da Rede Pública de Ensino do município de Paulino Neves. Trabalhou no Memorial da Cultura Cearense e tem cursos na área de patrimônio e história. Em parceira com Instituto Educacional Maria Madalena -IEMMA, escola da Rede Privada, desenvolveu e apresentou trabalho sobre os monumentos mais antigos de Tutóia.


Via: Neto Pimentel



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