Itamaraty afirma em nota que 'atos de violência
perpetrados pelo regime ilegítimo do ditador Nicolás Maduro' são um 'brutal
atentado aos direitos humanos': 'nenhuma nação pode calar-se'.
O governo brasileiro condenou neste domingo
(24) "os atos de violência perpetrados pelo regime ilegítimo do ditador
Nicolás Maduro" ocorridos no sábado, nas fronteiras com o Brasil e com a
Colômbia, chamou o governo de Maduro de "criminoso" e apelou à
comunidade internacional para "somarem-se ao esforço de libertação da
Venezuela".
"O uso da força contra o povo
venezuelano, que anseia por receber a ajuda humanitária internacional,
caracteriza, de forma definitiva, o caráter criminoso do regime Maduro",
afirma nota divulgada pelo Itamaraty na madrugada deste domingo.
O governo brasileiro diz que os ataques são
"um brutal atentado aos direitos humanos" e que "nenhuma nação
pode calar-se". "O Brasil apela à comunidade internacional, sobretudo
aos países que ainda não reconheceram o presidente encarregado Juan Guaidó, a
somarem-se ao esforço de libertação da Venezuela", afirma o governo
brasileiro.
A declaração ocorre após conflitos
impedirem a entrada de ajuda humanitária na Venezuela no chamado "Dia
D", convocado pelo autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó
para receber doações de outros países.
O dia foi marcado pela morte de três
pessoas em Santa Elena, cidade venezuelana a 15 km da fronteira com o Brasil, o
ataque a uma base venezuelana próxima a Pacaraima e 285 feridos e 37
hospitalizados perto da fronteira com a Colômbia. Mais de 60 militares
venezuelanos desertaram e pediram refúgio, segundo o governo colombiano.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro,
discursou em Caracas e anunciou o rompimento das relações com a Colômbia.
Maduro também afirmou que não é mendigo e que está disposto a comprar toda
comida que o Brasil quiser vender.
Após os confrontos, Guaidó mais uma vez
pediu a militares venezuelanos que deixem de obedecer a Maduro: "Vocês não
devem lealdade a quem queima comida". O autoproclamado presidente interino
da Venezuela também disse que o mundo viu "a pior cara da Venezuela"
neste sábado e pediu apoio da comunidade internacional "para assegurar a
liberdade do nosso país".
O opositor de Maduro também anunciou que
participará na segunda-feira (26) da reunião do Grupo de Lima, em Bogotá,
"para discutir possíveis ações diplomáticas" contra Maduro. O grupo
reúne 13 países, inclusive o Brasil, que não reconhecem o governo de Maduro.
O vice-presidente do Brasil, Hamilton
Mourão, e o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, representarão o
país no encontro. Os outros países do Grupo de Lima são: Argentina, Canadá,
Colômbia, Costa Rica, Chile, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai
e Peru.
Leia a íntegra da nota do Itamaraty:
Atos
de violência do regime de Maduro
O
Governo do Brasil expressa sua condenação mais veemente aos atos de violência
perpetrados pelo regime ilegítimo do ditador Nicolás Maduro, no dia 23 de
fevereiro, nas fronteiras da Venezuela com o Brasil e com a Colômbia, que
causaram várias vítimas fatais e dezenas de feridos. O uso da força contra o
povo venezuelano, que anseia por receber a ajuda humanitária internacional,
caracteriza, de forma definitiva, o caráter criminoso do regime Maduro.
Trata-se de um brutal atentado aos direitos humanos, que nenhum princípio do
direito internacional remotamente justifica e diante do qual nenhuma nação pode
calar-se.
O
Brasil apela à comunidade internacional, sobretudo aos países que ainda não
reconheceram o Presidente encarregado Juan Guaidó, a somarem-se ao esforço de
libertação da Venezuela, reconhecendo o governo legítimo de Guaidó e exigindo
que cesse a violência das forças do regime contra sua própria população.
Resumo
dos confrontos sábado (23)
- As
fronteiras da Venezuela com o Brasil e a Colômbia amanheceram fechadas,
conforme prometido por Maduro
- Caminhonetes
saíram de Boa Vista e foram até a fronteira com a Venezuela com ajuda
humanitária, mas voltaram para o lado brasileiro no fim do dia
- Venezuelanos
protestaram e atacaram uma base do exército venezuelano
- 3
pessoas morreram e ao menos 15 ficaram feridas em Santa Elena, cidade
venezuelana a 15 km da fronteira com o Brasil
- Na
fronteira com a Colômbia, 2 caminhões com ajuda humanitária foram incendiados
- Confrontos
na fronteira com a Colômbia deixaram 285 feridos e 37 pessoas hospitalizadas,
segundo o governo colombiano
- Mais
de 60 militares venezuelanos abandonaram os postos e pediram asilo, ainda de
acordo com o governo colombiano
- Maduro
afirmou em discurso que não é mendigo e que está disposto a comprar toda comida
que o Brasil quiser vender e rompeu relações diplomáticas com Colômbia
- Guaidó
voltou a apelar a militares para que eles retirem o apoio a Maduro: "Vocês
não devem lealdade a quem queima comida"
Fonte:
G1
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