Postagem no Twitter acrescenta mais um
episódio negativo para Bolsonaro e fora de propósito nas relações entre os Três
Poderes
presidente Jair Bolsonaro (PSL) sufoca os
brasileiros com polêmicas desnecessárias e, muitas vezes, nocivas à democracia.
Com indesejável frequência, o país se depara com discussões inúteis e de baixo
nível, como se deu durante o Carnaval com a postagem sobre “golden shower”.
Na última presepada do Palácio do Planalto, a
conta no Twitter do presidente postou um vídeo em que hienas
representavam instituições que supostamente atuam contra o governo. Entre os
inimigos, estão, por exemplo, o Supremo Tribunal Federal (STF), partidos da
oposição e veículos de imprensa. Bolsonaro era representado por um leão com
pose de herói.
Tosca e apelativa, a peça de propaganda do
governo resume o maniqueísmo do pensamento bolsonarista. Pessoas e instituições
que não seguem a cartilha do capitão se transformam em adversárias. Se não
dizem amém, viram bestas-feras no discurso dos seguidores do presidente.
Tratado como hiena, o STF reagiu com uma
mensagem do ministro Celso de Mello. Como um professor que repreende um
aluno, o decano cobrou Bolsonaro pela falta de compostura no papel de chefe de
Estado. Transformar um magistrado em bedel de presidente é apenas um exemplo
das consequências do desatino do governo. Mais grave ainda é jogar a população
contra o tribunal encarregado de zelar pelo cumprimento da Constituição.
O comportamento infantilizado e deletério na
política se tornou uma marca registrada do capitão e de seus seguidores. Na
lista de disparates, um dos destaques foi o vídeo em que o ministro da
Educação, Abraham Weintraub, faz uma imitação do filme Cantando na Chuva.
A longa relação de despropósitos inclui, ainda, referências a “crucifixos em
vaginas” feitas em discurso pela ministra da Mulher, da Família e dos Direitos
Humanos, Damares Alves.
Citações de cunho sexual como essa, deve-se
registrar, permeiam o ideário governista. Nesse sentido, ressalte-se, o guru
Olavo de Carvalho fornece vasto vocabulário escatológico para embalar o
discurso dos mais despudorados – como o vereador carioca Carlos Bolsonaro
(PSC), filho do presidente.
Entre os efeitos práticos das presepadas,
está a distorção sobre a relevância das ações de governo. A repercussão
negativa da postagem do vídeo levou Bolsonaro a fazer um pedido de desculpas ao
STF. Fora o constrangimento institucional, o presidente precisou gastar seu
tempo na Arábia Saudita para manifestar escusas junto ao Supremo. Com isso,
perdeu a chance de capitalizar uma boa notícia, o anúncio de que o país do
Oriente Médio pretende investir US$ 10 bilhões no Brasil.
Na noite desta terça-feira (29/10/2019), para
piorar, Bolsonaro ainda precisou gastar mais tempo de sua viagem para tratar de
questões espinhosas. Nervoso e enfático, declarou guerra à TV Globo por
causa da reportagem sobre o depoimento de um porteiro que ligou o presidente –
mesmo que lateralmente – ao assassinato da vereadora carioca Marielle Franco
(PSol).
Por causa do surgimento do nome de Bolsonaro,
o processo sobre o crime tem chances de chegar ao STF – uma das hienas do
vídeo. Esse é apenas mais um exemplo de como assuntos alheios ao governo se
contaminam mutuamente e interferem negativamente nos rumos do país.
Fonte: Metrópoles
Nenhum comentário:
Postar um comentário