Investigadores da Polícia Federal (PF) e o
promotor Alfredo Pinheiro Martins Neto, da Procuradoria Regional Eleitoral em
Pernambuco, pediram à Justiça Eleitoral autorização para realizar buscas e
apreensões em endereços residenciais e comerciais do presidente do PSL, o
deputado federal Luciano Bivar, 48 dias antes do Tribunal Regional Eleitoral
(TRE/PE) autorizar a deflagração da Operação Guinhol, realizada ontem (15).
A primeira petição, apresentada em 27 de
agosto, foi indeferida pela juíza da 6.ª Zona Eleitoral, Maria Margarida de
Souza Fonseca, em 3 de setembro de 2019. Segundo a Procuradoria Regional, após
o indeferimento do pedido em primeira instância, restou ao Ministério Público
Eleitoral recorrer ao Plenário do Tribunal Regional Eleitoral (TRF), o que foi
feito em 14 de outubro de 2019.
No mesmo dia, seis dos sete juízes do TRE
autorizaram a realização de buscas e apreensões de documentos em endereços de
Bivar e de outras pessoas investigadas por possíveis crimes eleitorais. O
inquérito que tramita na 6.ª Zona Eleitoral do Recife apura a suspeita de que,
nas últimas eleições, o diretório pernambucano do Partido Social Liberal (PSL)
lançou candidaturas femininas apenas para cumprir o requisito legal de 30% de
mulheres candidatas. A suspeita mais grave, contudo, é que os recursos que
deveriam ser destinados às campanhas podem ter sido desviados para outros
candidatos.
Em nota, a Procuradoria Regional Eleitoral
afirma que o tempo à espera da autorização judicial para realização das buscas
e apreensões de eventuais provas que ajudem a esclarecer os fatos demonstram
que a ação “não tem relação com divergências partidárias”, nem teve
“interferência de órgãos ou autoridades estranhas ao Ministério Público
Eleitoral, ao Departamento de Polícia Federal e à Justiça Eleitoral”.
“Como costuma ocorrer em pedidos de busca e
apreensão, o requerimento e o recurso tramitaram em sigilo, para assegurar
eficácia da diligência”, acrescenta a Procuradoria Regional Eleitoral, em
resposta às críticas da defesa do deputado Luciano Bivar.
Em nota divulgada ontem, o advogado de Bivar,
Ademar Rigueira, afirma que a operação está “fora de contexto”. Na nota,
Rigueira acrescenta que o inquérito que investiga as suspeitas de uso indevido
dos recursos do Fundo Partidário já se estende há dez meses, sem que, segundo
ele, as autoridades tenham encontrado indícios de fraude no processo eleitoral.
“A busca [e apreensão de documentos] é uma
inversão da lógica da investigação, vista com muita estranheza pelo escritório
[de defesa], principalmente por se vivenciar um momento de turbulência política”,
acrescenta Rigueira.
Em uma nota de esclarecimento sobre as
divergências internas que atingem a legenda, o PSL acrescentou que “no que
tange à transparência das contas partidárias, parece ser evidente que qualquer
pessoa – filiada ou não – pode ter acesso completo a todas informações,
extratos e comprovantes que constam das prestações de contas apresentadas pelo
partido nos últimos anos, pois eles estão disponíveis para consulta pública no
site do Tribunal Superior Eleitoral. Eventuais dúvidas pontuais, se existirem,
serão solucionadas a tempo e modo próprio, sem atropelos”.
Fonte: Agência Brasil
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