No último dia de seu mandato na PGR, em
setembro, ex-procuradora-geral da República pediu a federalização das
investigações
A ex-procuradora-geral da República Raquel Dodge disse
nesta quarta-feira (30/10/2019) que considera “grave” a declaração de um porteiro que cita o presidente Jair
Bolsonaro em investigação sobre o assassinato da ex-vereadora Marielle
Franco (PSOL). “É uma denúncia grave sobre a qual eu não tenho nenhum
conhecimento”, afirmou. Para ela, a menção ao presidente justifica que o caso
vá para o Supremo Tribunal
Federal (STF).
Raquel Dodge falou com o jornal O Estado de S. Paulo após participar do evento
“Estadão Brasil Summit – O que é poder?”, realizado em São Paulo. Em setembro,
quando ainda era procuradora-geral, ela denunciou o ex-deputado estadual e
ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ), Domingos
Brazão, além de outras quatro pessoas, por obstrução da investigação sobre
os homicídios. No último dia de seu mandato, Raquel fez um pedido de
federalização das investigações, com a justificativa de que havia “inércia” na
apuração em nível local. A decisão cabe ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Em depoimento revelado pelo Jornal Nacional
nessa terça-feira, 29, um porteiro do condomínio Vivendas da Barra, onde
morava Ronnie Lessa, um dos acusados de matar Marielle, afirmou à
Polícia Civil que um homem chamado Elcio entrou
no local dizendo que iria à casa 58, onde mora Bolsonaro. Segundo o porteiro,
quem teria atendido o interfone foi “seu Jair”, que teria autorizado a entrada.
Registros da Câmara, no entanto, mostram que Jair Bolsonaro estava em Brasília
nesse dia.
“Toda vez que uma autoridade com foro de
prerrogativa de função é referida, ainda que não haja nenhuma evidência contra
ela, os casos costumam ser remetidos ao foro competente”, disse a procuradora
nesta quarta. Ela ressaltou ainda a dimensão do assassinato de Marielle. “É um
caso muito importante. Ela era vereadora no exercício do cargo e fazia um
grande serviço social. Toda vez que se cala um representante eleito do povo é
preciso avaliar o homicídio nessa dimensão.”
Fonte: Metrópoles
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