Presidente disse que acionou ministro Sergio
Moro para colocar PF no caso. Ele acusa governador Wilson Witzel, do RJ, de
conduzir processo
A notícia de que seu nome foi citado na investigação do assassinato da vereadora
Marielle Franco (PSol) perturbou o presidente da República, Jair Bolsonaro
(PSL). Antes de deixar o hotel onde está hospedado na capital da Arábia Saudita
para discursar em um fórum econômico, nesta quarta-feira (30/10/2019), o chefe
do Executivo deu uma entrevista na qual acusou o governador fluminense Wilson
Witzel (PSC) de controlar a investigação com o objetivo de destruir sua
reputação e revelou que acionou o ministro da Justiça, Sergio Moro, para
colocar a Polícia Federal no caso e solicitar o depoimento do porteiro que o
citou.
De acordo com reportagem veiculada pelo Jornal
Nacional, da Rede Globo, nessa terça-feira (29/10/2019), o funcionário do
condomínio onde o presidente tem uma casa, no Rio de Janeiro, disse em
depoimento que um dos suspeitos de envolvimento no homicídio, ocorrido em 14 de
março de 2018, esteve no local e pediu para interfonar na residência de
Bolsonaro para entrar.
O suspeito não teria ido para a casa do
presidente, mas seguido para a residência de outro acusado pelo crime, o ex-PM
Ronie Lessa. No entanto, o porteiro, que não teve o nome revelado, teria
identificado a voz “do seu Jair” no interfone. Bolsonaro, porém, estava em
Brasília no dia do crime e registrou presença na Câmara dos Deputados.
“Às 17h41 tem meu dedo no painel de presença
na Câmara. Eu não estava lá. Então, começa por aí a mentira dessa
investigação”, disse Bolsonaro. “No meu entendimento, o senhor Witzel estava conduzindo o processo com o delegado da
Polícia Civil [do RJ] para tentar me incriminar ou pelo menos manchar o meu
nome com essa falsa acusação, de que eu poderia estar envolvido na morte da
senhora Mariella [ele se equivoca com o nome da vereadora assassinada]”, acusou
Bolsonaro.
E foi além. De acordo com o presidente, no
dia 9 de outubro deste ano, às 21h, ele estava no Clube Naval do Rio de Janeiro
quando chegou o governador Witzel. “Eu fui no aniversário de uma autoridade de
Brasília. Ele chegou para mim e falou o seguinte: ‘O processo está no
Supremo'”, narrou o presidente, que disse não saber do que o governador estava
falando. “Ou seja, Witzel sabia do processo que estava em segredo de Justiça”,
acrescentou.
PF no caso
“Nós sabemos quem são os porteiros, são
pessoas humildes, que, quando são tomados depoimentos, sempre estão preocupados
com alguma coisa”, afirmou o presidente, que levou para a entrevista um papel
escrito à mão com dados para se defender.
Para ele, o porteiro “está sendo usado pelo
delegado da Polícia Civil, que segue ordens do senhor Witzel, governador”.
“Deixo claro: o Witzel era uma pessoa desconhecida, colou no Flávio Bolsonaro e
em mim para poder se eleger governador do Rio de Janeiro. Tomou posse, elegeu
Flávio Bolsonaro e eu como inimigo dele. Por quê? Porque é candidato a
presidente em 2022”, acusou.
Bolsonaro, então, anunciou que quer a Polícia
Federal no caso. “Estou conversando com o ministro da Justiça [Sergio Moro]. O
que pode ser feito para gente tomar, via Polícia Federal, o depoimento
novamente desse porteiro, para esclarecer esse fato, de modo que esse fantasma
que querem colocar no meu colo como possível mentor da morte de Mariella seja
enterrado de vez”, assinalou.
O governador do Rio de Janeiro negou, na madrugada desta
quarta-feira (30/10/2019), que tenha interferido nas investigações sobre o
assassinato da vereadora Marielle Franco ou vazado detalhes do inquérito à
imprensa. Em comunicado publicado no Twitter, em resposta ao presidente Jair Bolsonaro, afirmou que em seu governo,
“as instituições funcionam plenamente e o respeito à lei rege todas as nossas
ações”. Witzel disse que a manifestação de Bolsonaro, no Twitter, foi
“intempestiva”.
Ataques à TV Globo
Na entrevista na Arábia Saudita, Bolsonaro
também acusou a TV Globo de “divulgar uma matéria mentirosa pra acabar com os
negócios do Brasil aqui [na Arábia Saudita]”.
Segundo a reportagem do JN, representantes do
Ministério Público do Rio de Janeiro, que conduzem o processo sobre o crime,
viajaram a Brasília no último dia 17 de outubro para consultar o presidente do
Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli,
sobre se as investigações do caso Marielle poderiam continuar no Rio,
considerando-se o surgimento do nome de Bolsonaro na apuração policial.
O ministro não teria respondido até agora aos
promotores fluminenses.
Fonte: Metrópoles
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