Mesmo com ajustes na máquina pública e com a
tentativa de conter as despesas, o governo federal tem gastado em excesso. Um
dos parâmetros é o monitoramento do Portal da Transparência. Os dados
mostram que a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL) tem executado o
orçamento mais rapidamente do que seu antecessor, Michel Temer, em 2018 e 2017.
Levantamento realizado pelo Metrópoles,
com base em dados do Portal da Transparência, canal de divulgação de contas
públicas do governo federal, identificou que a equipe econômica de
Bolsonaro executou R$ 2,16 trilhões — 67,7% do total disponível para 2019 (R$
3,19 trilhões).
A série histórica mostra que Bolsonaro
gastou, entre janeiro e outubro, acima do executado no mesmo período dos dois
anos anteriores. Em sete desses 10 meses (fevereiro, março, abril, maio, julho,
agosto e outubro), o atual presidente executou mais aceleradamente que o
antecessor (veja tabela abaixo).
O valor gasto pela gestão Bolsonaro em 10
meses se aproxima do dispendido por Temer em todo o ano de 2017 (R$ 2,39
trilhões) e em todo o 2018 (R$ 2,5 trilhões). O atual governo tem gastado mais
percentualmente, porém, os dados relativos à gestão anterior são consolidados
de 12 meses. Se o ritmo for mantido, contudo, o resultado anual sob Bolsonaro
também será superior.
Entre os principais gastos do Executivo
federal, estão o pagamento de juros e a amortização da dívida (R$ 497 bilhões),
despesas identificadas como “outras” (R$ 473 bilhões), refinanciamento da
dívida interna (R$ 450 bilhões) e previdência social (R$ 448 bilhões).
Do dinheiro disponível, ministérios, órgãos
federais e autarquias, entre outros, gastaram até o momento R$ 2,1 trilhões
(valor pago). Outros R$ 2,5 trilhões foram empenhados, ou seja, reservados para
efetuar um pagamento planejado.
As despesas com encargos especiais e reserva
de contingência abocanham juntos 58% do orçamento (R$ 1,2 trilhão). As áreas
finalistas, como saúde, educação, previdência social e assistência
social, consumiram R$ 915 bilhões (42%).
No detalhamento das áreas finalistas,
previdência social custou R$ 520 bilhões (56,8%); saúde, R$ 86 bilhões;
assistência social, R$ 71 bilhões; educação, R$ 69 bilhões; e atividades
relacionadas ao trabalho (como pagamento de benefícios e fomento ao emprego),
R$ 58 bilhões.
“Cautela”
Os números são observados de perto pela equipe econômica. As cifras são usadas para traçar argumentos para reformas, como a administrativa e a tributária, que serão apresentadas nos próximos meses, e também para o remanejamento do orçamento.
Os números são observados de perto pela equipe econômica. As cifras são usadas para traçar argumentos para reformas, como a administrativa e a tributária, que serão apresentadas nos próximos meses, e também para o remanejamento do orçamento.
O Metrópoles mostrou nessa
quinta-feira (24/10/2019), que o governo remanejou R$ 3,3 bilhões do
orçamento de 2019. Entre as despesas privilegiadas, estão o pagamento de auxílio-moradia,
segurança presidencial, compra de cargueiros militares, entre outros.
Nos bastidores, os números são observados com
“cautela”. É que, no entendimento dos técnicos do Ministério da Economia, em
anos de troca de governo há uma diminuição na execução.
Aqueles que trabalham diretamente com os
dados, acreditam que deve haver um “limite prudencial”, visto que há um
expressivo aumento para o período. Eles consideram que o volume está fora dos
parâmetros.
Versão oficial
Os dados utilizados como base da reportagem
foram extraídos do Portal da Transparência, canal oficial do governo federal
para divulgar despesas, gastos, pagamentos e contratos. As informações são
compiladas pela Controladoria-Geral da União (CGU).
A reportagem entrou em contato com o Ministério
da Economia, mas não houve resposta até a última atualização desta matéria. O
espaço segue aberto para manifestações.
Fonte: Metrópoles
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