Após a canonização, ela se chamará Santa
Dulce dos Pobres
Neste domingo (13), às 5h da manhã em
Brasília (10h em Roma), a soteropolitana Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes
(1914–1992), nominada como Irmã Dulce desde 1933, torna-se a primeira santa
nascida no Brasil reconhecida pela Igreja Católica Apostólica Romana. Torna-se
Santa Dulce dos Pobres.
A canonização ocorre nove anos após o
colegiado de cardeais e bispos da Congregação para a Causa dos Santos, da Cúria
Romana, atestar o primeiro milagre atribuído à Irmã Dulce descrito no processo
de beatificação da religiosa iniciado pela Arquidiocese de São Salvador da
Bahia. A decisão do colegiado é baseada em avaliação de peritos de saber
científico (como médicos) e teólogos.
O milagre que levou à beatificação foi a
intercessão da freira, a pedido de orações de um padre, para salvar a vida de
uma mulher que deu à luz a um menino e estava desenganada por causa de uma
hemorragia depois do parto, que os médicos não conseguiam conter. O caso
ocorreu nove anos após a morte de Irmã Dulce (2001), em uma cidade do interior
de Sergipe.
Para a canonização, a Constituição Apostólica
exige a comprovação de um segundo milagre e semelhante ritual processual e
comprobatório. A segunda graça, conforme publicado pela Arquidiocese de Salvador,
foi a recuperação da visão do músico e maestro José Maurício Bragança Moreira,
após 14 anos sem enxergar por causa do glaucoma.
“Eu fui paciente de glaucoma muito grave que
me cegou durante 14 anos. No dia do milagre, 10 de dezembro de 2014, o meu coral
ia cantar, mas a minha esposa nem me deixou sair de casa por causa do derrame
que eu tive nos olhos devido a uma conjuntivite viral. Eu passei a noite sem
conseguir dormir e por volta das 4h eu peguei a imagem de Irmã Dulce, que fica
na cabeceira da minha cama, a coloquei nos meus olhos e pedi que ela aliviasse
a minha dor”, descreve Moreira em relato publicado pela Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB).
De acordo com o músico, após colocar o
santinho impresso sobre os olhos, sentiu sono e adormeceu. “Quando eu acordei
de manhã, a minha esposa me deu umas compressas de gelo e foi quando eu comecei
a enxergar o gelo e a ver a minha mão, e aos poucos a visão foi voltando. O
momento que começou o retorno da visão foi pouco tempo depois da oração. É um
milagre”, afirma. Após o reconhecimento do milagre pela Igreja, o Papa
Francisco anunciou a canonização de Irmã Dulce.
Vocação social
A vocação religiosa de Irmã Dulce é revelada
ainda na adolescência sob influência de uma tia paterna. Ela tornou-se freira
no começo da década de 1930 pela Congregação das Irmãs Missionárias da
Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em São Cristóvão (Sergipe).
Formada como professora, teve como primeira
missão ensinar a crianças em colégio de sua congregação em Salvador. A vocação
para as causas sociais teve início naquela década quando passou a prestar
assistência à comunidade pobre de Alagados, e a participar da União Operária
São Francisco.
Em 1937, funda o Círculo Operário da Bahia,
juntamente com Frei Hildebrando Kruthaup. Em 1939, Irmã Dulce inaugura o
Colégio Santo Antônio, escola comunitária voltada para operários e filhos de
operários.
Dez anos depois, ocupa um galinheiro ao lado
do Convento Santo Antônio de Salvador para acolher 70 doentes. Em 1959, é
instalada oficialmente as Obras Sociais Irmã Dulce (Osid) e no ano seguinte é
inaugurado o Albergue Santo Antônio.
Celebração
O Santuário de Irmã Dulce, em Salvador, ao
lado da sede das Osid permanecerá aberto durante toda noite de sábado (12) e a
madrugada de domingo para a vigília à espera das canonizações que o Papa
Francisco presidirá no Vaticano.
Junto com a santa brasileira, serão
canonizados os beatos John Henry Newman (1801-1880), cardeal, fundador do
Oratório de São Filipe Néri na Inglaterra; Giuseppina Vannini, Madre Josefina
(1859-1911), italiana, fundadora das Filhas de São Camilo; a Maria Teresa
Chiramel Mankidiyan (1876-1926), indiana, fundadora da Congregação das Irmãs da
Sagrada Família; e Margherita Bays (1815-1879), suíça, da Ordem Terceira de São
Francisco de Assis.
A primeira missa em honra à Santa Dulce dos
Pobres ocorrerá em Roma na igreja San't Andrea della Valle, segunda-feira(14),
24 horas depois da canonização. No dia 20 de outubro, domingo, em Salvador,
haverá a celebração pela canonização da Santa. Será no estádio de futebol Arena
Fonte Nova, com abertura dos portões ao meio-dia. Os ingressos gratuitos estão
à disposição nas diversas paróquias da Arquidiocese de Salvador e começaram a
ser distribuídos no início deste mês.
Saiba mais sobre a vida de Irmã Dulce, a
primeira santa brasileira
Fonte: Agência Brasil
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