Termo foi firmado entre as pastas de
Agricultura e Justiça
A ministra da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, Tereza Cristina, e o ministro da Justiça e Segurança Pública,
Sergio Moro, assinaram hoje (16) um acordo de cooperação técnica para criar
canais por meio dos quais os produtores rurais possam denunciar eventuais
práticas abusivas cometidas por bancos que ofertam crédito agrícola subsidiado
pelo governo.
Segundo Tereza Cristina, embora “simples”, a
medida era aguardada há tempos pelos produtores rurais, que se sentem impelidos
a contratar outros produtos financeiros para, assim, conseguirem um empréstimo
com taxas de juros mais baixas, a chamada venda casada.
“A legislação, hoje, já tem meios de coibir
esta venda casada, esta ilegalidade a que o produtor rural vem sendo submetido
há anos. Mas o produtor se sente intimidado, pois se ele recusar [a oferta de
contratação de serviços bancários] ou, depois, denunciar [tal prática], pode
ter as portas fechadas para futuros créditos que são vitais a sua
sobrevivência”, disse Tereza Cristina, durante a cerimônia que teve a presença
de representantes das principais entidades do setor produtivo, além de
parlamentares e do primeiro escalão do Ministério da Justiça e Segurança
Pública.
O acordo possibilitará melhorias na
plataforma eletrônica consumidor.gov.br, que é monitorada pela Secretaria
Nacional do Consumidor, pelos Procons e pelos Ministérios Públicos. Além disso,
o convênio prevê a criação de novos canais que permitem aos produtores fazer
denúncias anônimas por meio das associações de classe, como a Confederação da
Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que tem, em seu site, uma ferramenta
semelhante.
Redução dos custos
Tereza Cristina acredita que a ação da
Secretaria Nacional do Consumidor para coibir a eventual venda casada na
concessão de crédito agrícola resultará em uma redução dos custos dos
empréstimos não só para os produtores, mas também para a União. Só este ano, o
governo federal destinou R$ 10 bilhões para subvencionar a diferença entre os
juros de mercado e a taxa que é oferecida aos produtores rurais.
“Isto significará uma redução dos custos e
dos constrangimentos para os produtores. Uma coisa é você comprar título de
capitalização, seguros; outra é você tomar recursos que o Poder Público
equaliza o valor para diminuir a taxa de juros e vem esta venda casada que
aumenta os custos”, disse a ministra.
De acordo com o secretário nacional do
Consumidor, Luciano Timm, além de oferecer uma possibilidade para o denunciante
resolver seu problema individual, o portal consumidor.gov.br permite às
autoridades conhecer as queixas mais frequentes e adotar soluções mais amplas
para eventuais problemas. “Teremos base fática para fazer política pública”,
disse o secretário. Caso fique caracterizada a venda casada, a instituição
financeira pode receber multa de até R$ 9 milhões. “Não adianta só puxar a
orelha. É preciso que, se for o caso, haja uma sanção.”
Antes de assinar o acordo, o ministro da
Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, declarou que a iniciativa abre uma
porta para permitir que produtores rurais utilizem as ferramentas já existentes
para tentar solucionar eventuais conflitos. "Recorrer à Justiça é sempre
um mecanismo lento e custoso", disse o ministro, incentivando quem quer
que se sinta prejudicado acesse o portal consumidor.gov.br e denuncie eventuais
práticas ilegais. "Por mais que o produtor se sinta intimidado, é
importante que ele vocalize a reclamação. Só assim os órgãos de governo poderão
tomar medidas para solucionar os problemas."
Febraban
A Federação Brasileira de Bancos
(Febraban) informou que a entidade e os bancos que fazem parte do Sistema
de Autorregulação Bancária "assumiram diversos compromissos públicos com
os consumidores que vão além do estritamente legal". A entidade e as
instituições financeiras também informaram que têm atuado em sintonia com o
Sistema Nacional de Defesa do Consumidor e com a Secretaria Nacional do
Consumidor "na defesa dos clientes e de seu direito a recorrer a
outras instâncias, como os órgãos de defesa do consumidor ou plataformas como o
site consumidor.gov.br, para avaliação e atendimento de queixas no relacionamento
com o setor bancário."
A entidade informou que as instituições
financeiras também têm canais de atendimento ao consumidor, como os serviços de
atendimento ao consumidor (SACs) e ouvidorias, canais, que segundo a
Febraban, tem elevados índices de solução de problemas.
A Febraban esclareceu que as taxas de juros cobradas pelos bancos variam entre as instituições financeiras conforme a avaliação de risco dos clientes, que leva em consideração um conjunto de fatores, "entre eles o histórico de relacionamento de cada banco com cada demandante de crédito".
A Febraban esclareceu que as taxas de juros cobradas pelos bancos variam entre as instituições financeiras conforme a avaliação de risco dos clientes, que leva em consideração um conjunto de fatores, "entre eles o histórico de relacionamento de cada banco com cada demandante de crédito".
Fonte: Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário