Declaração foi dada durante a primeira sessão
de trabalho dos bispos que participam do Sínodo sobre a Amazônia.
O Papa Francisco afirmou nesta segunda-feira
(7) que a sociedade moderna não deve tentar impor suas regras aos povos
indígenas, mas sim respeitar sua cultura e permitir que eles planejem seu
próprio futuro. A declaração foi dada durante a primeira sessão de trabalho dos
bispos que participam do Sínodo sobre a Amazônia.
O pontífice advertiu que “as ideologias são
uma arma perigosa”, e defendeu que “a colonização ideológica é muito comum
hoje”. O líder católico pediu que se controlem os impulsos “de domesticar os
povos originais”.
Francisco, que no passado pediu perdão em
nome da Igreja pelos erros dos missionários europeus que acompanharam os
primeiros colonizadores, disse que por muito tempo muitos na Igreja tiveram uma
atitude “depreciativa” em relação aos povos nativos e suas culturas.
Segundo o papa, os povos indígenas querem ser
protagonistas de sua própria história. “Nos aproximamos dos povos amazônicos na
ponta do pé, respeitando sua história, suas culturas”, afirmou.
Segundo Francisco, eles “possuem uma
sabedoria própria, consciência de si”. “Os povos têm um sentir, uma maneira de
ver a realidade, uma história”, completou.
O líder da Igreja Católica disse também que é
preciso se afastar de “colonizações ideológicas”, pois as ideologias são
redutivas.
Francisco afirmou, ainda, que a missão do
Sínodo sobre a Amazônia é servir os povos indígenas. “E fazemos isso recorrendo
a um caminho sinodal, não em mesas redondas, conferências ou discussões, porque
um sínodo não é um parlamento”. Ele explicou que, em vez disso, o Sínodo é
“caminhar juntos sob a inspiração e guia do Espírito Santo”.
Demarcação de terras
No domingo (6), durante a missa de abertura
deste encontro, Papa Francisco denunciou a “ganância dos novos colonialismos”.
“O fogo ateado por interesses que destroem,
como o que devastou recentemente a Amazônia, não é do Evangelho. O fogo de Deus
é calor que atrai e congrega em unidade. Alimenta-se com a partilha, não com os
lucros.”
Francisco pediu para que os participantes do
Sínodo falem com liberdade mas também ouçam os outros com humildade durante as
três semanas do evento. Ele quer uma “atmosfera fraternal” e um clima de
“intimidade” durante o Sínodo.
O brasileiro de maior destaque no Sínodo dos
Bispos sobre a Amazônia é o cardeal Dom Cláudio Hummes, relator-geral,
responsável pela redação dos documentos. Ele afirmou na quinta-feira (3) que a
demarcação de terras indígenas é algo fundamental para a conservação da
floresta amazônica.
“Nós sabemos que, para os indígenas, isso é
fundamental. Também as reservas geograficamente delimitadas são
importantíssimas para a preservação da Amazônia”, defendeu Hummes.
Sínodo da Amazônia
O encontro de bispos da Igreja Católica, que
neste ano vai discutir a floresta, começou neste domingo e vai até 27 de
outubro, no Vaticano. No encontro serão discutidos temas ambientais, sociais e
próprios da Igreja Católica, presente nos nove países que compreendem
territórios da região amazônica: Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru,
Guiana, Guiana Francesa, Venezuela e Suriname.
Participam bispos, padres e freiras dessa
região, além de estudiosos, pessoas ligadas à Organização das Nações Unidas
(ONU) e membros dos escritórios do Vaticano (a Cúria Romana). Como a maior
parte da floresta está no Brasil, o sínodo terá muitos participantes
brasileiros, como o cardeal Dom Cláudio Hummes.
O que é o Sínodo?
A palavra “sínodo” vem do grego “sýnodos” e
quer dizer “reunião”. Na Igreja Católica, o sínodo pode ser qualquer reunião
entre os praticantes desta religião.
Em 1965, Paulo VI criou o Sínodo dos Bispos.
A ideia é reunir Papa e Bispos para discutir temas importantes que podem ser ou
não religiosos. Antes da Amazônia, os temas escolhidos haviam sido jovens e
família, por exemplo.
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