Pelo menos cinco pessoas morreram durante violentos
confrontos entre manifestantes pró-Evo Morales e a polícia militar em Sacaba,
perto de Cochabamaba, na sexta-feira (15). O protesto era contra a presidente
interina do país, Jeanine Añez.
O representante da Defensoria do Povo da
Bolívia em Cochabamba, Nelson Cox, relatou que os mortos são manifestantes que
foram transferidos a um hospital "com ferimentos de bala", mas
morreram antes de chegar às instalações. Segundo ele, as forças conjuntas de
policiais e militares realizaram uma operação "desproporcional"
diante da manifestação, que nos dias anteriores terminou com pessoas feridas
por bala. Além disso, denunciou que as forças de segurança nos pontos de
controle não deixaram passar ambulâncias que transportavam feridos.
"Tenho insistido todos os dias para que
evitem mobilizações, não só não violentas, mas para evitar mobilizações. Desde
domingo, assistimos a uma escalada das intervenções das forças conjuntas, da
polícia e das Forças Armadas, que tiveram intervenções desproporcionais",
argumentou. De acordo com os centros de saúde de Sacaba, pelo menos 22 pessoas
ficaram feridas.
A polícia alegou que os agentes "foram
atacados com armamento letal e armas de fogo improvisadas" entre as
cidades de Cochabamba e Sacaba, e que uma viatura "recebeu impactos de
armas de fogo", o que está sendo investigado. Um dos oficiais das forças
conjuntas disse a canais de televisão que os manifestantes estavam utilizando
"dinamite e armamento letal" que, segundo ele, nem a polícia possui.
Os embates começaram quando um grande número
de cocaleros tentava entrar na cidade por um dos acessos onde as forças da
ordem instalaram controles. Os manifestantes tinham como destino final La Paz,
para apoiar protestos a favor de Evo Morales, que no domingo passado renunciou
ao poder e recebeu asilo do México.
Comissão
de Direitos Humanos condena repressão
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos
(CIDH) condenou em um comunicado o "uso desproporcional da força policial
e militar", enquanto confirmou os cinco mortos e destacou que havia um
número indeterminado de feridos. A CIDH informou ainda que "as armas de
fogo devem estar excluídas dos dispositivos utilizados pelo controle dos
protestos sociais".
Evo
Morales condena repressão: 'Parem o massacre'
O ex-presidente da Bolívia Evo Morales
condenou nesta sexta-feira a repressão a grupos cocaleros perto de Cochabamba,
ação que deixou cinco mortos, e pediu para que as Forças Armadas e a polícia
"parem o massacre".
"Condeno e denuncio ao mundo que o
regime golpista que tomou o poder por assalto em minha querida Bolívia reprime
com balas das Forças Armadas e da polícia o povo que pede pacificação e a
reposição do estado de direito", escreveu no Twitter.
Morales pediu às Forças Armadas e à polícia
que "parem o massacre" porque "o uniforme das instituições da
pátria não pode ser manchado com o sangue do povo". "Agora,
assassinam nossos irmãos em Sacaba, Cochabamba", denunciou Morales, que
está no México, após renunciar à presidência da Bolívia e aceitar o asilo
oferecido pelo governo do país.
O ex-presidente ainda classificou como
"ditadura" o governo da presidente interina Jeanine Áñez, citando
também os opositores Carlos Mesa e Luis Fernando Camacho. "Para justificar
o golpe, Mesa e Camacho nos acusaram de 'ditadura'. Agora sua 'presidenta'
autoproclamada e seu gabinete de advogados defensores de violadores e
repressores, massacra o povo com as Forças Armadas e a polícia como a
verdadeira ditadura".
(Com informações da EFE e AFP)
Fonte: UOL
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