O último grande vazamento no Brasil aconteceu em 18
janeiro de 2000, afetou manguezais e matou animais
O derramamento
de óleo no Nordeste é quatro vezes maior do que o último grande
vazamento no Brasil, registrado na Baía de Guanabara , em 18 janeiro
de 2000. Na ocasião foi liberada cerca de 1,1 mil tonelada de óleo combustível
na região. O desastre prejudicou manguezais e matou diversos animais.
À época, a origem, um duto de óleo combustível da Petrobras ligado
à Refinaria Duque de Caxias (Reduc), foi rapidamente determinada.
Para o
professor Paulo Cesar Rosman, do Departamento de Recursos Hídricos e
Meio Ambiente da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), a tragédia do Nordeste é a maior do país em extensão e,
possivelmente, do mundo.
No episódio do Rio,
no entanto, os estragos ambientais foram muito mais graves: o óleo derramado de
um navio tinha muito mais componentes tóxicos do que o petróleo que atingiu o
litoral brasileiro neste ano, cujos elementos voláteis, como o benzeno, evaporaram
e se degradaram ao longo de semanas em alto-mar.
— O volume todo se
concentrou no Norte da Baía de Guanabara. Em termos de impacto local, é
incomparavelmente mais danoso do que qualquer coisa que apareceu no Nordeste.
Lá, você tem desde pequenas manchas, do tamanho de uma uva, até placas do
tamanho de um tapete. Mas é um óleo extraordinariamente fragmentado e
degradado. Já teria evaporado toda a parte volátil do óleo, que normalmente é a
mais tóxica. O que sobrou é aquela massa grossa, parecendo piche — afirma o
professor da UFRJ.
O professor de
engenharia e petróleo da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
(Poli-USP), Ricardo Cabral de Azevedo, pondera, por outro lado, que o trabalho
de contenção foi muito mais facilitado no episódio fluminense:
— Foi bem mais fácil
de conter, pois se conhecia a fonte, e ele foi detectado e comunicado
rapidamente. E era um óleo menos denso, que, portanto, flutuava, ficando bem
visível.
Se considerado o
volume derramado, há outros casos mais dramáticos do que o brasileiro, destaca
o professor da USP. Na explosão da plataforma Deepwater Horizon, no Golfo do
México, em 2010, 795 mil toneladas de petróleo foram derramadas na região. Em
1978, o naufrágio de um superpetroleiro no mar da França vazou 230 mil
toneladas de óleo. Onze anos depois, a colisão do petroleiro Exxon Valdez em um
bloco de gelo no Alaska espalhou 36 mil toneladas de petróleo por 1.800
quilômetros de uma área extremamente sensível ao meio-ambiente.
— As condições
ambientais de cada lugar influenciam muito na gravidade do vazamento, além da
quantidade em si que tenha vazado — explica Azevedo.
Fonte: O Globo
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