Levantamento do IBGE reúne dados de diversas pesquisas
Pretos e pardos que compõem a população
negra do país são maioria entre trabalhadores desocupados (64,2%) ou
subutilizados (66,1%), segundo informativo Desigualdades Sociais por
Cor ou Raça no Brasil, divulgado hoje (13) pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento apresentado no mês em
que se comemora o Dia da Consciência Negra (20/11) reúne dados de
diversas pesquisas, como a Síntese dos Indicadores Sociais, o Censo e,
principalmente, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio - Contínua (Pnad
Contínua) de 2018.
Atualmente, os negros representam 55,8% da
população brasileira e 54,9% da força de trabalho.
A informalidade também atinge mais esse
contingente. Enquanto 34,6% de pessoas brancas se encontram em condições
informais de trabalho, a informalidade atinge 47,3% de pretos e pardos.
Rendimento
No que diz respeito a ocupação de cargos
gerenciais, os negros são a minoria (29,9%). Pela divisão de trabalhadores
por por níveis de rendimento, apenas 11,9% dos maiores salários gerenciais
são pagos a trabalhadores pretos e pardos, enquanto essa população ocupa 45,3%
dos postos com menor remuneração.
Para o analista de indicadores sociais
do IBGE, João Hallak, o cenário tem reflexos nos rendimentos mensais. Os
negros representam 75,2% da parcela da população com os menores
ganhos e apenas 27,7% dos 10% da população que tem os maiores rendimentos
registrados pelo instituto. Ao considerar o gênero na análise, as mulheres
pretas ou pardas recebem, em média, apenas 44% dos rendimentos dos homens
brancos. Já os homens negros ganham 56,1% dos rendimentos de um homem branco.
Segundo Hallak, a população branca recebe
maiores rendimentos independentemente do nível de instrução. “Até entre quem
possui nível superior completo, a população de cor ou raça branca
recebe 45% a mais do que a renda média da população preta ou parda com o
mesmo nível de formação”, disse.
De acordo com o analista do IBGE, a
desigualdade é influenciada pelo tipo de formação superior, mais ou menos
valorizadas pelo mercado. "Um exemplo verificado pelos censos é
que na formação em medicina a gente percebe mais participação da população
branca como médicos, ocupando cargos de maior remuneração. Enquanto na formação
de enfermagem, ainda na área médica, a gente tem maior participação relativa da
população preta ou parda”, citou.
Condições de moradia
A desigualdade no mercado de trabalho tem
reflexos também sobre as condições de moradia. Enquanto 27,9% das pessoas
brancas vivem em domicílios sem ao menos um serviço de saneamento - coleta de
esgoto e de lixo e fornecimento de água -, a proporção sobe para 44,5% entre
pretos e pardos.
Claudio Crespo, pesquisador do IBGE,
alertou que o dado impacta ainda as condições de saúde. “Quando a gente
analisa demais características e correlaciona com os rendimentos da
população preta ou parda menor do que da população branca, isso reflete as
condições de moradia, de vida, de saúde com maior vulnerabilidade as
quais a população preta ou parda está submetida”.
Ao analisar a população das duas maiores
cidades do país - São Paulo e Rio de Janeiro, pesquisadores revelaram que na
capital paulista 18,7% das pessoas pretas ou pardas e 7,3% das brancas vivem em
aglomerados subnormais. No Rio de Janeiro, essa proporção sobe para 30,5%
dos negros e 14,3% dos brancos. De acordo com Crespo, a desigualdade tem
relação com a forma como os espaços das cidades foram ocupados.
“O modelo de urbanização brasileiro tem
raízes históricas, questões relacionadas à posse da terra, e é reflexo
também do processo mais recente de urbanização. As cidades do Rio e de São
Paulo são expressões dessa desigualdade”, disse o pesquisador.
No indicador do adensamento domiciliar
excessivo, quando mais de três pessoas dividem um mesmo dormitório, a proporção
é de 7% dos pretos ou pardos e 3,6% dos brancos.
Os dados ainda mostram que em relação ao
acesso a internet por pessoas entre de 15 a 29 anos, 92,5%
são brancos e 84,3% negros. A proporção sobre o uso do
microcomputador para acessar a rede mundial, é de 61,6% entre brancos
e 39,6% entre pretos e pardos.
Pobreza
Enquanto 15,4% dos brancos do país estão na
faixa da pobreza, 32,9% dos negros compõem a parcela de brasileiros que
vivem com até US$ 5,50 por dia. Na linha da extrema pobreza, com
rendimento de até US$ 1,90 por dia, estão 3,6% dos bancos e 8,8% dos
pretos e pardos.
Segundo o IBGE, o informativo destaca a
desigualdade entre a população negra - pretos e pardos - e branca. Juntos,
esses grupos somam 99% da população brasileira. Amarelos e indígenas não têm
representação estatística suficiente para serem considerados nesta análise
amostral.
Fonte: Agência Brasil
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