Alimentação saudável e atividade física são
algumas recomendações
O Ministério da Saúde lançou a campanha 1,
2, 3 e já! Vamos prevenir a obesidade infantil. A ideia é incentivar as
crianças a seguirem três passos simples para evitar o sobrepeso: alimentação
saudável, atividade física e brincadeiras longe das telas da TV, celular e
jogos eletrônicos.
O lançamento ocorreu durante a abertura do
15° Encontro Nacional de Aleitamento Materno (Enam) e o 5° Encontro Nacional de
Alimentação Complementar Saudável (Enacs), no Centro de Convenções SulAmérica,
na Cidade Nova, região central do Rio de Janeiro.
Na cerimônia de abertura, o ministro da
Saúde, Luiz Henrique Mandetta, destacou que o país tem evoluído na
regulamentação da indústria e propaganda e no incentivo à alimentação saudável.
“Somos de uma geração em que a propaganda
dizia: 'Danoninho vale por um bifinho'. Daquele marco, inicia-se uma reação da
sociedade e organização para pensar e debater se aquela frase tinha algum fundo
de verdade. Hoje, ela fica na prateleira da vergonha da propaganda.
Era um Conar [Conselho Nacional Autorregulamentação Publicitária] que não
existia, uma regulamentação que não existia.”
Segundo Mandetta, o problema é um “verdadeiro
drama” e o fenômeno é global. Dados do ministério apontam que três de cada 10
crianças de 5 a 9 anos atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) estão acima
do peso, um total de 4,4 milhões. Do total de crianças, 16% (2,4 milhões) estão
com sobrepeso, 8% (1,2 milhão) com obesidade e 5% (755 mil) com obesidade
grave. Abaixo de 5 anos, são 15,9% com excesso de peso.
Ideia
é incentivar crianças a seguirem alimentação saudável e brincar longe da s
telas da TV, celular e jogos eletrônicos - Fernando Frazão/Agência
Brasil
O ministro informou que a campanha será
multimídia e vai utilizar datas como o dia das mães para trazer o assunto à
tona ao longo de 2020. De acordo com ele, os cursos para agente comunitário de
saúde também vão incluir o tema da amamentação, dentro da campanha de prevenção
à obesidade.
O embaixador da campanha, o preparador físico
Marcio Atalla, disse que a obesidade infantil é um problema sério e que
existem diversos obstáculos a serem vencidos, como a facilidade de acesso a
alimentos ultraprocessados e as dificuldades impostas pela falta de tempo no
cotidiano das famílias.
“Essas crianças, tendo uma saúde debilitada
agora, com sobrepeso e obesidade, têm o risco de ter câncer aumentado em 40%, e
maior risco de doença cardiovascular. São as enfermidades que mais têm
prevalência dentro do sistema de saúde. Então, uma campanha contra a obesidade
infantil é de extrema importância para a saúde no futuro, em um país que vai envelhecer
e vai depender do sistema público de saúde”.
Além do Enam e do Enacs, o Centro de
Convenções SulAmerica recebe simultaneamente a 3ª Conferência Mundial de
Aleitamento Materno (WBC) e a 1ª Conferência Mundial de Alimentação
Complementar (WCFC). As encontros, que começaram nesta quarta-feira (13)
terminam neste sábado (15).
Pesquisa nutricional
A coordenadora geral de Alimentação e
Nutrição do Ministério, Gisele Bortolino, destacou que o órgão iniciou, neste
ano, o Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani). O
levantamento já foi finalizado em 11 estados, com 143.330 domicílios visitados.
Os primeiros resultados serão apresentados no segundo semestre de 2020.
“O objetivo é avaliar o estado nutricional
das crianças e as deficiências nutricionais. O último inquérito, de 2006,
mostrava a prevalência de anemia de 20% e hipovitaminose de 17%. Então, esse
inquérito tem o objetivo não só de ver a questão do excesso de peso, mas também
o estado nutricional e, a partir disso, fazer a discussão das políticas para as
questões encontradas.”
De acordo com o ministro, a pesquisa é o
“marco zero” para a implantação de políticas públicas. “Esses números vêm de
fontes indiretas, por isso autorizamos esse inquérito. Ele vai me dar o marco
zero: quantas crianças são, onde estão, quanto é por região, dentro das regiões
quais são os motivos principais. Tem região que é sedentarismo, outras é
alimentação equivocada”.
Guia alimentar
Outra iniciativa, complementar à campanha e
dentro dos eventos de amamentação, foi o lançamento de um guia alimentar para
crianças brasileiras menores de 2 anos. Segundo os dados do Sistema de
Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) 2018, 49% das crianças de 6 a 23
meses consomem alimentos ultraprocessados, 33% ingerem bebidas adoçadas e 32,3%
comem macarrão instantâneo, salgadinhos de pacote ou biscoitos salgados.
Segundo Gisele Bortolino, o guia foi
organizado para indicar a alimentação mais correta pelo nível de processamento
dos alimentos e traz como regra de ouro “descasque mais e desembale menos”. Os
alimentos são classificados em in natura, minimamente processado,
ingredientes culinários processados, processados e ultraprocessados.
“O guia foi atualizado com linguagem mais
simples, voltado para tirar as dúvidas das famílias. Os anteriores eram
direcionados a profissionais de saúde. Ele inova ao trazer um capítulo sobre
culinária e mostra que a chegada de uma criança deve ser uma oportunidade para
unir a família, se organizar e cozinhar alimentos mais saudáveis em casa.
Também foram incorporadas as crianças vegetarianas”.
Com 12 passos para uma alimentação saudável,
o guia traz dicas como a amamentação exclusiva até os 6 meses e complementação
até 2 anos ou mais; não expor as crianças de até 2 anos ao açúcar nem a
alimentos ultraprocessados, oferecer a mesma comida de toda a família e
proteger a criança da publicidade de alimentos.
Amamentação
Os quatro eventos simultâneos que tratam do
aleitamento materno e alimentação complementar trazem como tema “Amamentação
como um direito humano a ser protegido”. O evento terá palestras, debates
e apresentações de trabalhos científicos até sexta-feira (15).
Na mesa de abertura, a presidente da edição
da Conferência Mundial, Marina Ferreira Rea, lembrou que os profissionais de
saúde já sabem que caminhos seguir para evitar doenças na infância e incentivar
a alimentação saudável, portanto não devem ser “cúmplices” de erros.
“Em meio a tantas dificuldades que tem o planeta
e tantas diversidades, contrastes sociais e econômicos, as ações que
discutiremos aqui são, diferentemente de outras, factíveis. Sabemos disso. O
desafio de saber nos torna cúmplices. Somos cúmplices quando não levamos a
criança ao seio materno na primeira hora de vida ou quando a separamos da mãe
sem necessidade.”
A presidente do encontro, Maria Ines Couto
Oliveira, afirmou que amamentar é um direito humano e representa a democracia
com as pessoas e o planeta.
“Todos os companheiros de todas as raças e
todas as etnias têm o direito de amamentar. Esse direito não pode ser negado
por ninguém e por nenhuma indústria de alimentos infantis ou de bicos ou
chupetas. Nenhuma tem o direito de tirar o peito da boca das crianças, porque
isso é vida. Só haverá democracia nesse planeta se a mãe tiver o direito de
aconchegar seu filho no seu peito e nesse momento proporcionar amor”.
O encontro reúne cerca de 2.500 pessoas,
entre profissionais de saúde, governantes, cientistas, grupos de mães,
organizações da sociedade civil, agências das Nações Unidas, organismos
internacionais e estudantes.
O objetivo é construir uma plataforma de ação
pelo compartilhamento de experiências com atores comprometidos o tema.
Fonte: Agência Brasil
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