A Universidade Federal de Alagoas (Ufal)
informou neste domingo, 17, ter identificado um navio que seria responsável
pelo vazamento de óleo no litoral do Nordeste. O nome da embarcação e a sua
bandeira não foram divulgados, mas não se trata de nenhuma das cinco apontadas
pela Marinha como as principais suspeitas pelo derramamento. O cargueiro teria
partido da Ásia em direção à África.
O coordenador do Laboratório de Análise e
Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) da Ufal, Humberto Barbosa,
afirmou que os dados coletados serão encaminhados ao Senado Federal no próximo
dia 21, quando haverá uma audiência pública da comissão externa que acompanha
as investigações.
Na última sexta-feira, 15, o Lapis conseguiu
identificar uma nova imagem do satélite Sentinel-1A, do dia 19 de julho deste
ano, que revela uma mancha de óleo com cerca de 25 quilômetros de extensão por
400 metros a 26 quilômetros do litoral da Paraíba.
O Lapis já havia identificado, a partir de
imagens de três satélites (Sentinel 1-A, Aqua-Modis e NOAA-20) feitas em 24 de
julho, uma grande mancha de óleo a 40 quilômetros do litoral do Rio Grande do
Norte.
"Já havíamos definido um padrão, um
protocolo, em função da imagem do dia 24 de julho", explicou Humberto
Barbosa. "Foi assim que encontramos uma nova mancha no litoral da Paraíba,
no dia 19 de julho, que nos levou a definir uma primeira embarcação
suspeita."
A partir dessas imagens, o laboratório
rastreou todos os navios-tanques que transportavam óleo cru nessas datas e
passaram pela costa do Nordeste. No total, os pesquisadores constataram que 111
navios navegaram por lá com esse tipo específico de carga.
A partir dessas imagens, o laboratório
rastreou todos os navios-tanques que transportavam óleo cru nessas datas e
passaram pela costa do Nordeste. No total, os pesquisadores constataram que 111
navios navegaram por lá com esse tipo específico de carga.
De todas as embarcações analisadas,
concluiu-se que apenas uma delas apresentava indícios de ter sofrido algum
incidente durante o trajeto que justificasse um grande vazamento de óleo como o
que atingiu o país.
Segundo as informações levantadas pelo Lapis,
o navio costuma fazer o trajeto de um país asiático até a Venezuela, passando
pela África do Sul. Normalmente, a embarcação navega com o transponder ligado,
indicando sua localização ao longo de todo o percurso. No entanto, entre o dia
primeiro de julho e o dia 13 de agosto, a embarcação navegou com o transponder
desligado, violando o direito marítimo internacional.
O acompanhamento via satélite mostra que o
navio partiu de um país asiático em primeiro de julho. Quando passou pelo
Oceano Atlântico, a embarcação seguiu um trajeto incomum e fez uma manobra que
indicaria uma mudança de trajetória, justamente na altura do litoral do Nordes.
"O percurso mostra uma alteração na
direção do navio, indicando um comportamento suspeito ou um grande problema
mecânico", afirmou Humberto Barbosa. "Mas é claro que ainda será
necessário aprofundar essas investigações."
O navio suspeito possui uma capacidade de
carga duas vezes maior do que o Bouboulina - o navio grego apontado pelo
governo como o principal suspeito do vazamento —, o que justificaria as seis
mil toneladas de óleo já retiradas das praias do Nordeste.
A Marinha já havia descartado a imagem do dia
24 de julho como sendo de algas e não de óleo. Sobre a nova imagem encontrada,
não foi divulgado ainda um comunicado.
Fonte: UOL
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