Após
quatro dias de suspense, o candidato democrata e ex-vice-presidente de Barack
Obama venceu com 273 delegados, graças a uma vitória no importante estado da
Pensilvânia, de acordo com a CNN, NBC e CBS
Donald
Trump não admitiu a derrota, pelo contrátio. Logo depois de os resultados serem
divulgados, o atual presidente tuitou que havia vencido, "e por
muito!". É possível que o atual presidente recorra à Justiça em uma última
tentativa de vencer. Por sua vez, Biden, que deve fazer o discurso da vitória
antes de o adversário reconhecer a derrota, escreveu que deseja ser o
presidente de todos os americanos.
A
vitória marca uma virada histórica para os Estados Unidos e o mundo. Além
disso, pela primeira vez na história, o país terá uma vice-presidente, Kamala
Harris, de 56 anos, que também será a primeira negra a ocupar o cargo.
Cientista
político e advogado
Joseph
Robinette Biden Jr. nasceu em 20 de novembro de 1942, na cidade de Scranton,
Pensilvânia, nos Estados Unidos. Ele é o filho mais velho de Joseph Biden, um
humilde vendedor de carros que faleceu em 2002, sempre lembrado pelo filho como
um homem que nunca desistia. Com a recessão dos EUA após a 2ª Guerra Mundial, a
família se mudou para o estado vizinho de Delaware, onde o jovem Joe trabalhou
como salva-vidas em uma piscina de um bairro negro. Lá, teve a oportunidade de
aprender sobre as injustiças que afetavam os moradores da comunidade, o que
despertou seu interesse pela política.
Biden
estudou ciência política e história na Universidade de Delaware e, logo em
seguida, se formou também em direito na renomada Universidade de Syracuse, em
Nova York. Passou no Exame da Ordem em 1969 e deu início, então, à carreira
jurídica como defensor público. Pouco tempo depois, entrou para o escritório de
advocacia de um membro do Partido Democrata, que o convidou a se filiar. Aos 29
anos, entrou para a política nacional ao surpreender e vencer uma eleição para
senador de Delaware, derrotando um republicano que já ocupava o cargo há 12
anos.
A
alegria de Biden, no entanto, duraria pouco. Um mês após sua vitória, o então
senador perdeu sua primeira esposa, Neilia Hunter, e sua filha, Naomi, de
apenas um ano, em um trágico acidente de carro quando saíam para fazer compras
de Natal. Os outros dois filhos do casal, Hunter e Beau, ficaram gravemente
feridos, mas sobreviveram à colisão. Biden chegou a cogitar renunciar ao cargo
para cuidar dos meninos, mas o então presidente do Senado o fez mudar de ideia.
Assim, ele pegava o trem de Delaware para Washington, em um trecho de 1h30 em
cada sentido, para ver os filhos todos os dias.
Décadas
depois, o candidato sofreu outra perda. Em 2015, o filho Beau faleceu aos 45
anos, após uma longa luta contra um câncer no cérebro. As sucessivas tragédias
fizeram com que, aos olhos de muitos eleitores, Biden conquistasse uma alta
capacidade de empatia, de compreender a dor dos outros. Este fator
provavelmente o aproximou ainda mais do cidadão-comum americano, fazendo sua
popularidade despontar.
A
origem operária e o estilo de vida humilde foram decisivos para que Joe Biden
se diferenciasse totalmente de seu opositor. Ao contrário do democrata, Donald
Trump sempre teve uma vida luxuosa e cercada de privilégios, além da
personalidade exultante e do temperamento impulsivo. Biden, por outro lado,
apresenta uma postura moderada, visto como mais pragmático do que ideológico,
de perfil conciliador e com uma mensagem de unificação do país.
Polêmicas
No
entanto, essas características não livraram o candidato de polêmicas. Em abril
deste ano, ele foi acusado de assédio sexual por Tara Reade, uma ex-funcionária
do Capitólio. Biden desmentiu: “Não é verdade, estou dizendo que isso nunca
aconteceu (…) não sei por que, depois de 27 anos, isso foi levantado”, disse,
na ocasião.
Além
disso, ele também é fortemente criticado por adotar posições controversas ao
longo de sua trajetória política. Posições essas que ele já declarou se
arrepender, declarando ter “evoluído”. Ele se condena, especialmente, por ter
organizado e aprovado a Lei de Controle do Crime Violento, de 1994, também
conhecida como "Lei do Crime de Biden", responsável por um aumento
substancial do encarceramento de negros e latinos nos EUA. Em 2019, ele
classificou a lei como “um grande erro”.
A
tentativa de chegar à Casa Branca não é uma novidade na carreira de Joe Biden.
Ele chegou a se lançar nas corridas presidenciais de 1988 e de 2008, mas
desistiu das duas campanhas antes de concluí-las. Em junho de 2008, Obama o
convidou para ser seu vice e após a vitória, o designou para ser o coordenador
da recuperação da profunda recessão que afetava o país. Durante os oito anos de
governo, Biden se destacou por assumir boa parte do controle e por ser o braço
direito do presidente, que o tinha como um fiel conselheiro.
Antes
de deixar o cargo em 2016, ele recebeu a Medalha Presidencial da Liberdade, a
mais alta condecoração presidencial dos EUA, em uma cerimônia surpresa
organizada por Obama. Ele tentaria uma candidatura no mesmo ano, mas desistiu
em decorrência da morte de seu filho Beau. Em Janeiro deste ano, Biden lembrou
do filho, emocionado: “Beau deveria ser o candidato à Presidência, não eu.
Todas as manhãs eu levanto e me pergunto: 'Ele estaria orgulhoso de mim?’”.
Com a
entrada na corrida para as eleições de 2020, Biden foi trazido para o centro da
disputa após o vazamento de uma conversa na qual Donald Trump pedia que a
Ucrânia investigasse os negócios do outro filho de Joe, Hunter Biden,
acusando-o de corrupção no Leste Europeu. As acusações nunca foram comprovadas,
mas renderam um processo de impeachment contra Trump por abuso de poder e
obstrução do Congresso.
Fonte:
Correio Braziliense
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