Os deputados do PSL chegaram a Brasília fazendo arminha com os
dedos e jurando lealdade ao governo. Agora a tropa se meteu num bangue-bangue
generalizado, que periga atingir as vidraças do Planalto.
Jair Bolsonaro deu o primeiro tiro na semana passada, numa
tentativa de tirar o partido das mãos de Luciano Bivar. Ontem a Polícia Federal
ampliou a ofensiva, com uma operação que revirou dois endereços do deputado em
Pernambuco.
A batida foi ordenada pela Justiça Eleitoral, mas veio em timing perfeito
para os bolsonaristas ameaçados de expulsão da sigla. Os aliados de Bivar
notaram a coincidência e abriram fogo contra o governo.
No mesmo dia, os líderes do PSL na Câmara e no Senado trocaram
chumbo com filhos do presidente. Na Câmara, a guerra fratricida foi ainda mais
longe. O partido se aliou à oposição e sabotou uma medida provisória para
derrotar o Planalto.
Não há inocentes nesse confronto. Bolsonaro e Bivar travam uma
disputa por poder e dinheiro do fundo partidário. O deputado parecia estar em
vantagem até entrar na mira da PF, que é subordinada ao ministro Sergio Moro.
Os bolsonaristas apostam no escândalo das candidaturas laranjas
para destronar o dono da sigla. No entanto, não explicam por que o presidente
protege o ministro do Turismo, indiciado pelas mesmas práticas em Minas Gerais.
O caso de Marcelo Álvaro Antônio está mais avançado que o de Bivar.
Ele foi denunciado pelo Ministério Público na última sexta, sob acusações de
falsidade ideológica, associação criminosa e apropriação indébita.
A guerra fratricida no PSL tem potencial para provocar novos
estragos ao Planalto. O chefão do partido não deve largar o osso facilmente
como Gustavo Bebianno, que ocupou sua cadeira nas eleições e durou menos de
dois meses no governo.
O ex-ministro ameaçou revelar segredos da campanha, mas baixou as
armas e saiu de cena. Ao que indica a fúria de seus aliados, Bivar não parece
disposto a negociar um cessar-fogo.
Escrito por: Bernardo Mello Franco
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