Ação foi movida após o presidente ter
afirmado que pegou gravações da portaria onde tem casa, no Rio, para evitar que
fossem "adulteradas"
Associação Brasileira de Imprensa (ABI)
apresentou uma notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra
o presidente Jair Bolsonaro (PSL) por suposta obstrução de Justiça
nas investigações da morte da ex-vereadora Marielle Franco e do
motorista Anderson Gomes.
A ação foi movida no dia 8 de
novembro, após o presidente Bolsonaro afirmar ter pegado, junto ao filho
Carlos Bolsonaro, vereador pelo PSC, as gravações da portaria no condomínio
onde tem casa, no Rio de Janeiro, para se certificar de que não fossem
“adulteradas”.
“Nós pegamos, antes que alguém tentasse
adulterar, toda a memória da secretária eletrônica”, disse, em 2 de novembro, a
jornalistas.
Veja a íntegra do documento:
Em outubro, o Jornal Nacional, da TV Globo, veiculou uma reportagem com depoimento do porteiro que trabalhava no condomínio onde Jair Bolsonaro tem uma casa. O funcionário citou o presidente ao relatar que um dos suspeitos de participação na morte da vereadora foi até o local e pediu para ligar na casa do chefe do Executivo.
A emissora informou também que, no dia e
horário informados pelo porteiro, Bolsonaro estava em Brasília, na Câmara, e
teve presença registrada no painel de votação da Casa.
Na notícia-crime, a ABI alega que o
presidente e o vereador “acessaram, em data ainda imprecisa, por meios
impróprios, elementos probatórios de uma investigação criminal sigilosa e em
andamento, os quais poderiam elucidar o iter criminis percorrido
pelos principais suspeitos do assassinato”.
A associação diz ainda que a conduta de ambos
“carece de investigação”. “É imperioso verificar quando e de que modo ocorreu o
acesso, pelo presidente e pelo vereador, ao computador do condomínio Vivendas
da Barra, no Rio de Janeiro, bem como às gravações das conversas realizadas
pela portaria e, especialmente, se a Polícia Civil já havia realizado a coleta
e perícia das gravações e do respectivo computador, o que até o momento segue
sem razoáveis esclarecimentos”, diz a ABI em trecho da ação.
O caso terá como relator o ministro Alexandre
de Moraes
Fonte: Metrópoles
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